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Acesso em 02/04/2025 às 02h41.

Sambão do Povo: História, Curiosidades e a Contribuição dos Profissionais da Engenharia

20 de fevereiro de 2025, às 11h18 - Tempo de leitura aproximado: 5 minutos

Localizado no coração de Vitória, Espírito Santo, o Complexo Walmor Miranda, mais conhecido como Sambão do Povo, é um dos maiores símbolos do Carnaval capixaba. Desde sua inauguração, em 1987, o sambódromo tem sido o palco dos vibrantes desfiles das escolas de samba da cidade, reunindo milhares de foliões todos os anos.

O projeto do Sambão do Povo foi inspirado no icônico Sambódromo da Marquês de Sapucaí, no Rio de Janeiro. Durante a administração do prefeito Hermes Laranja e com a colaboração de Sinval Siri, então secretário de turismo de Vitória, o projeto foi apresentado pela primeira vez em 1987. Com um espírito coletivo, a construção do sambódromo foi impulsionada por mutirões de cidadãos, foliões e sambistas, que se uniram para dar forma ao espaço em tempo recorde. Em apenas 112 dias, o sambódromo foi erguido, sendo inaugurado no dia 27 de fevereiro de 1987. Uma verdadeira corrida contra o tempo, onde até mesmo o cheiro de tinta fresca acompanhava os primeiros desfiles.

Homenageando Walmor Miranda, um respeitado sambista e ex-rei momo do Carnaval de Vitória, o complexo recebeu seu nome oficial, mas ficou popularmente conhecido como Sambão do Povo, em referência à garra e ao empenho dos capixabas na construção do local.

Desafios e a Importância da Engenharia

A construção do Sambão do Povo não foi uma tarefa fácil. Profissionais das mais diversas áreas da engenharia desempenharam papéis cruciais para garantir que o sambódromo fosse seguro, funcional e confortável, atendendo às exigências de um evento que reúne milhares de pessoas. Engenheiros civis, estruturais, eletricistas, mecânicos e de segurança do trabalho foram fundamentais para a execução do projeto.

Engenharia Civil e Estrutural: A engenharia civil teve um papel de destaque na concepção das fundações e estruturas do Sambão. Com uma grande capacidade de público – inicialmente para 18 mil pessoas – era essencial que o projeto garantisse segurança e conforto, suportando grandes cargas durante os desfiles. As arquibancadas e a estrutura do palco foram projetadas para resistir ao peso dos foliões, garantindo estabilidade e resistência ao longo dos anos.

Engenharia Elétrica: A modernização do sistema elétrico foi essencial para melhorar a experiência dos desfiles. Engenheiros eletricistas foram responsáveis pela instalação e manutenção dos sistemas de iluminação, que são fundamentais para o espetáculo visual e, também, para o sistema de som, que transmite a energia e a música do Carnaval aos presentes.
Engenharia Mecânica e de Segurança: Profissionais da engenharia mecânica se envolveram na criação de sistemas de movimentação de carros alegóricos, e engenheiros de segurança do trabalho realizaram avaliações de riscos e garantiram que o local atendesse a todas as normas de segurança para o público e os trabalhadores envolvidos nos desfiles.

Uma História de Superação

Nos anos seguintes à sua inauguração, o Sambão do Povo enfrentou períodos de crise. Em 1992, as escolas de samba se recusaram a desfilar devido à falta de apoio dos gestores públicos e do setor privado. Em 1998, os desfiles foram transferidos para a Avenida Jerônimo Monteiro, no Centro de Vitória, enquanto a estrutura do Sambão do Povo estava abalada. Parte da arquibancada foi demolida para a construção de uma quadra que, infelizmente, não foi realizada. No entanto, em 2001, o Sambão do Povo voltou a ser utilizado, após passar por reformas significativas. Embora sua capacidade tenha diminuído para 7.800 pessoas, a importância do sambódromo para o Carnaval de Vitória permaneceu intacta.

A Engenharia na Revitalização do Sambão

A transformação do Sambão do Povo em um espaço moderno e seguro não seria possível sem a contribuição contínua dos profissionais da engenharia. Durante as reformas, engenheiros das mais diversas especialidades desempenharam um papel essencial na revitalização do sambódromo, garantindo que o local atendesse aos requisitos de segurança e conforto dos foliões e das escolas de samba. Além de garantir a segurança estrutural, os engenheiros também se encarregaram de melhorias nos sistemas de iluminação, nas instalações elétricas e na modernização de diversas áreas do complexo, como os camarotes e áreas de convivência.

Visando reforçar a importância do cumprimento legal do exercício das profissões da área tecnológica e garantir a segurança dos envolvidos e do público, além da conformidade com a legislação vigente, o Conselho Regional de Engenharia e Agronomia do Espírito Santo (Crea-ES) realiza vistorias técnicas e fiscais no Sambão do Povo antes do período do Carnaval.

O trabalho é de apuração se há responsáveis técnicos na montagem dos carros alegóricos e das estruturas do evento; se existe acompanhamento de profissionais engenheiros legalmente habilitados, em especial nas áreas de Mecânica, Elétrica e Segurança do Trabalho; se são emitidas Anotações de Responsabilidade Técnica (ARTs); se as empresas envolvidas nos trabalhos possuem profissionais habilitados em seus quadros técnicos; e, se as atividades estão sendo conduzidas seguindo as normas técnicas de segurança do trabalho.

O Sambão do Povo é um exemplo claro de como a engenharia pode transformar um sonho coletivo em realidade. A contribuição dos engenheiros foi e continua sendo fundamental para a construção e modernização do espaço, permitindo que o Sambão do Povo se tornasse um dos maiores símbolos do Carnaval de Vitória. Cada detalhe da sua construção e revitalização reflete o esforço conjunto de profissionais dedicados a garantir que o sambódromo continue a ser o palco da cultura capixaba, oferecendo segurança, conforto e um espetáculo inesquecível para todos os envolvidos.

O trabalho dos engenheiros não apenas garantiu que o Sambão do Povo fosse erguido e mantido, mas também assegurou que ele fosse um local onde a alegria do Carnaval pudesse se expressar com toda a intensidade e beleza que o evento merece. O Sambão do Povo é, sem dúvida, uma construção que reflete a força da engenharia e o espírito coletivo da cidade de Vitória.


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