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Acesso em 06/05/2024 às 09h52.

Abril verde: mitos e verdades sobre a segurança do trabalho

10 de abril de 2023, às 14h33 - Tempo de leitura aproximado: 4 minutos


O mês de abril é marcado pela campanha Abril Verde, uma iniciativa para conscientização sobre a prevenção de acidentes de trabalho e doenças ocupacionais. O movimento surgiu como uma forma de lembrar o Dia Mundial em Memória às Vítimas de Acidentes e Doenças Relacionadas ao Trabalho, que é celebrado no dia 28 de abril.

No Sistema Confea/Crea a campanha foi instituída pela Decisão Plenária nº 1947, de 2016, com o objetivo de contribuir para a redução dos acidentes de trabalho, valorizar os profissionais do Sistema especializados na área, desmistificar a Segurança do Trabalho e chamar a atenção para o resgate prático das legítimas atribuições do Engenheiro de Segurança do Trabalho.

Segundo dados do Observatório de Segurança e Saúde no Trabalho – SmartLab, nos últimos 10 anos, mais de 25 mil trabalhadores morreram em decorrência de acidentes no ambiente laboral no Brasil. Além disso, foram registrados mais de 6 milhões de Comunicações e Acidentes de Trabalho (CAT).

Apesar dos números serem alarmantes, ainda há muito estigma em relação às medidas de segurança ocupacional e à função dos profissionais da área. Para falarmos dessa resistência e desmistificar questões importantes, convidamos a engenheira de Produção e de Segurança do Trabalho, Quézia Targino de Macedo.

MITO 1: “Só grandes empresas e grandes indústrias precisam da segurança do trabalho”

Segundo a engenheira Quézia Targino de Macedo, um dos mitos mais comuns no dia a dia é a ideia de que só grandes empresas e indústrias precisam de gestão de segurança do trabalho.

“Apesar de muitas exigências ainda estarem mais sobre as empresas de grande porte, hoje, principalmente neste ano de 2023, com a cobrança do eSocial, todas as empresas precisam administrar a gestão de segurança do trabalho. Seja porque há risco de algum tipo para o funcionário ou até mesmo para registrar que há ausência de risco. Então, seja para dizer que sim ou para dizer que não, todas as empresas têm a obrigação de ter uma documentação de segurança do trabalho”, explicou a engenheira.

MITO 2: “Investir em segurança do trabalho é caro”

Não é raro encontrar gestores que acreditam que os esforços para cuidar da segurança ocupacional é custoso demais para a empresa. Entretanto, ainda de acordo com Macedo, trata-se de um investimento que, inclusive, protege a empresa de gastos inesperados e, muitas vezes, altos. Ela explica que quando a empresa tem uma gestão qualificada de segurança do trabalho, com todos os registros de treinamento de conscientização, de entrega de EPI, etc., ela também se resguarda diante da justiça e evita prejuízo.

“Eu trabalho há mais de 12 anos na área e sei o quanto custa à uma empresa um funcionário afastado, seja por doença, por acidente, por síndrome ou uma depressão adquirida no local de trabalho. Isso reflete no financeiro da empresa, porque pelo FAP (Fator Acidentário de Prevenção) a empresa precisa repassar de volta para o Governo esse gasto que o INSS teve com funcionário. Então, é mais compensador investir na segurança do que ter que pagar um imposto maior ou até mesmo arcar com a questão do afastamento do funcionário”, pontuou a especialista.

MITO 3: “Segurança do trabalho é só burocracia”

Um outro ponto é que no imaginário popular a segurança do trabalho é só uma mera burocratização, apenas uma questão de papéis. Mas será que se trata apenas disso? A engenheira Quézia Macedo reforça que para além de questões burocráticas, as empresas não podem se esquecer que o funcionário é um ser humano que precisa ser observado em sua individualidade. Para ela, as empresas precisam entender que não basta somente fornecer EPI, treinamentos e etc., mas também realmente ter uma gestão de conscientização e de bem estar na empresa, porque tudo faz parte da saúde e segurança do trabalho:

“Eu passo muito para as empresas que eu presto assessoria que nós estamos lidando com gente. Funcionário não é máquina. Os funcionários são pessoas, são seres humanos, que têm sentimento, que têm seus problemas externos e internos também. Então, não é apenas uma burocratização. Se um funcionário não está bem psicologicamente, isso pode desencadear uma série de problemas também no trabalho. E a partir do momento que o funcionário é admitido, é responsabilidade do empregador cuidar e zelar pela integridade física e mental dele. Isso é lei, é regra. Está descrito nas NR’s e também na CLT. Então, é importantíssimo que a gente tenha essa via de 2 regras: entender não somente a questão da burocratização, mas pensar também no funcionário como ser humano, como um braço da empresa”.

MITO 4: “A segurança do trabalho é responsabilidade só da empresa”

“Não, não se trata de uma responsabilidade unicamente da empresa. A segurança do trabalho também é responsabilidade do empregado, porque a partir do momento em que a empresa está cumprindo toda a gestão de saúde e segurança do trabalho, o funcionário também tem que fazer valer o que está aprendendo. Caso contrário, lá na frente ele pode inclusive estar passível de uma justa causa, de processo de advertência ou de processo trabalhista contra ele. A situação reverterá contra ele, né? A partir do momento em que ele adquire conhecimento dos riscos que está exposto, também é responsabilidade dele cuidar da sua própria vida laboral”, esclarece a engenheira de segurança do trabalho, Quézia Targino de Macedo.


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